Nenhum tipo de atividade no setor está imune aos resíduos da construção civil. De acordo com a Abrecon (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção e Demolição), são produzidos cerca de 84 milhões de metros cúbicos de entulho no Brasil – o que corresponde a metade do material comprado para as obras.
Uma matéria publicada pelo jornal Estadão fez um comparativo interessante: se esse montante fosse destinado corretamente, serviria para construir sete mil prédios de dez andares ou 3,7 milhões de casas populares, além de gerar 150 mil empregos.
Ser sustentável ainda é desafio no Brasil
A reciclagem dos resíduos da construção civil no Brasil ainda não evoluiu o suficiente para dar conta da demanda do mercado. Em países europeus, essa realidade é diferente devido à falta de recursos naturais disponíveis – diferentemente do nosso país.
Esse ciclo de desperdícios e falta de reúso dos materiais que sobram no canteiro de obras coloca o segmento longe da sustentabilidade. Afinal, reciclar implica em diminuir ou não utilizar os recursos que estão na natureza, como cascalhos, água e terra.
Transformação dos resíduos da construção civil
Mas, afinal, qual a maneira correta de fazer o descarte dos resíduos da construção civil? Antes disso, é preciso entender as diferentes classificações de resíduos. Para o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), eles são divididos em classe A, B, C e D.
- Classe A: são os entulhos reutilizáveis na própria construção civil e que resultaram de uma obra, da demolição, de uma reforma ou de reparos. Por exemplo: terra de terraplanagem, tijolos, blocos, telhas, concreto, tubos, blocos etc.
- Classe B: são os resíduos que podem ser reciclados, mas com outras destinações. Por exemplo: plástico, papelão, papel, metal, vidro, gesso e madeira.
- Classe C: são materiais para os quais não existe nenhuma forma de reciclagem desenvolvida ou o seu reaproveitamento é economicamente inviável.
- Classe D: são aqueles resíduos da construção civil que representam perigo para a saúde. Por exemplo: tintas, solventes, materiais da demolição ou reparo de clínicas radiológicas, telhas com amianto etc.
Logística reversa
Um termo utilizado para explicar o reúso de materiais provenientes da construção civil para a própria construção civil é “logística reversa”. Com a tabela de classificação que mostramos, os gestores do segmento podem trabalhar a destinação correta dos materiais.
Por exemplo: depois de serem processados, passando por um beneficiamento, os resíduos de classe A podem ser utilizados de várias formas como:
- Pavimentação de ruas;
- Construção de sarjetas;
- Fundação de obras;
Outra maneira de reutilização baseada na logística reversa está sendo estudada para uma possível parceria entre o SindusCon-SP, CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e Abrafati (Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas). Se tudo der certo, as latas de tinta deverão voltar para as fábricas.
Sigor
O Sinduscon-SP também mantém uma iniciativa importante. A entidade criou o Sigor, uma ferramenta que ajuda no monitoramento da gestão de resíduos da construção civil. Qualquer empresa que preste serviços no Estado de São Paulo pode se cadastrar.
Para isso, é preciso entrar em contato com a prefeitura do município e conferir se ela já aderiu ao sistema. Com o acompanhamento feito através da ferramenta, todo entulho gerado fará parte de um mapeamento — desde sua geração até a destinação final.
Reaproveitar os resíduos da construção civil é uma forma de explorar o mercado sustentável, que tem aberto um leque para os empresários do ramo nos últimos anos. Sem dúvida, além do meio ambiente, o caixa da sua empresa também vai agradecer.
Qual a sua opinião sobre o tema? Deixe um comentário! Vamos adorar conversar com você sobre este e outros assuntos relacionados à construção civil.